sábado, 21 de setembro de 2013

Tem erres que me arrebatam

Tem erres que me arrebatam.
Tem olhos que me roçam. 
Tem sorrisos que me rendem.
Tem erros que rondam a minha cabeça.
Tem regras que me irritam!

Tem ruas que não trazem o bom inesperado.
Alguns jogos me derrotam, me dão raiva, realçam o meu cansaço.
Relacionamentos ridículos! 
Risos que me censuram.
Contratos a serem rompidos e
amores a serem desconstruídos 

Tenho desorientações.
Tenho medos reais.
Tenho relações rasas que a imaginação aprofunda.
Tenho desejos que não revelo.
Tenho rios que me secam.

Tem olhares e ruídos que me roçam,
me arrebatam,
E que passam rápido...

Assunção de uma dor

O começo da doença
Come todo sonho que existiu antes,
Delata todo existente responsável pela própria dor.
E a dor dilata o corpo todo,
Porque nele exibe ardor.
Cantarolando a canção
De Leminski e Assumpção
Sobre a dor elegante,
Que é o único legado
No instante em que sente a dor;
Qual é a cor dos comprimidos
Na estante?
Para estampar
Esta dor que não se estanca?
Adora a dor
Para ver se arranca
O dolorido do corpo,
Que dura e perdura.
Pendura a dor
No pescoço,
E rasteja.
Dourada, a dor,

É tudo que lhe resta.

A vida de um beijo

Na distância,
Entre os estados e o tempo,
Só nos resta o silêncio.

Não há a distorção no som,
Nem os nossos beijos dissonantes.
Só me resta uma saudade dançante.

A memória das tuas mordidas
Em meus lábios ainda tem vida:
O melhor beijo da minha vida!

O sotaque, a gíria;
Guria eu era naquele dia gris,
Entrelaçando os dedos nos teus cachos grisalhos.

Cinza como os teus cabelos
Era a cor daquele dia
De beijos, braços, dentes e despedidas.

Frio, São Paulo, braços dados
E o calor do teu abraço como um porto
Que me alegrava.

O teu olhar que tentei fotografar
Em meu olhar agora evapora.
Porosa é a minha memória.

Tu descansas agora alegre
Em teu porto, e pelo ar
Tu deixas a guria.

Em Porto Alegre,
Tu evaporas o melhor beijo

Da minha vida!

Anônima mulher

Mulher, qual é o seu nome?
Acorda, mulher!
Quem é você?

Mãe, amiga, amante, filha,
Perfeita, cheirosa, carinhosa, frígida.
Uma barriga, um objeto; e o nome?

O que leva o seu nome, mulher?
Os objetos da casa e os enfeites do corpo?
O corpo ao lado dos objetos?

Acorda o corpo, mulher!
Quem é você?
Você não é objeto!

No corpo, as marcas;
Na identidade, um vazio;
A boca, sem voz:
Só um grito contido.

Salta alto,
Sangra e compra briga
Com quem a obriga.

Quem é você nesta briga?
Por que cala por uma medalha?
Escolha estourar esta muralha, mulher!

Quem é você?
Anônima, sem sombra,
Desejada como silhueta.

Boneca de carne,
Qual é o seu nome?
Quem a cala?

Confinada em casa
Na redoma de vidro,
Eterno feminino!

Roupas a apertam,
Vermelho nos lábios impera,
Máscara em seus olhos e na sua fala.

Fala, mulher!
Qual é a sua resposta
À farsa que a forçam?

Mulher, acorda! Quem é você?
Mulher? Onde está você?!
Acorda!!! Acorda... Mulher?


terça-feira, 10 de setembro de 2013

silly rhythm, silly rhymes

eyes of different sizes.
noise and silence
make her smile,
at the same time,
at night, wondering why
it is what it is.
It happens every time!
So what was she thinking about?
Have all her hopes and dreams
gone away
with the pain?

phrasal verbs que ilustram a vida - parte 5 - give up / give up on

give sb up phrasal verb NOT EXPECT
2. ( also give up on sb ) to stop expecting that someone will arrive
I've been waiting half-an-hour - I'd almost given you up. 

sábado, 7 de setembro de 2013

coração tinteiro versão 2

Antes escrevia 
para remendar o coração.
Hoje 
descosturo o coração,
rasgo o seu tecido
e quebro as suas linhas,
só para depois
costurar 
uma escrita mais bonita!

coração tinteiro versão 1

Comecei a escrever
para remendar coração
partido.
Hoje ainda tenho,
vez ou outra,
o coração
em pedacinhos.
Mas porque descosturo
já pensando
em um verso futuro!

olhar alheio

Vocês, que sabem escrever,
poderiam me contar
se
tô fazendo isso direito,
mas
com jeitinho
se 
acharem que tá tudo
feio!

batatas #5

batata quente
aquecida pela mão amiga.
não se faz purê 
sem
batata cozida,
nem sem
batata descascada,
nem com
batata descarada.
batata quente,
músculo latente,
trabalha a mente.
quem mente?
quem?
queimou!

Só assim escreve

Menina, que mania
é essa
de só escrever
quando se enrosca
em alguma peça?
Sem essa!
Sai dessa!

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

So, what's the size of the sad sound?

So, so spoiled 40-year-old boy,
Big bright beautiful eyes,
Smooth gray hair
And sweet voice.
What's next?
Is it a kiss?
Or is it a hit
of my mouth on a lie?
Like a fist on a knife.
Once you said something about
the difference between our
sounds:
"other sounds, other beats, other pulses."
Pull your music building down
Because I love dissonance.
Suck it up!
And sway for the small sounds.
Say something about
The size of your
Arrogance.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

batatas #4

seca as minhas batatas e
sugere os seus cabelos
nas minhas pernas.
pena que 
se segura
quando se aproxima
a minha boca da sua.

batatas #3

mãos nas batatas: 
 bate a fome, 
 inflama a boca 
 e o fogo. 
 e o beijo foge.

batatas #2

mãos nas batatas. 
bate o calor. 
é brasa! 
batata, você me chama. 
me abraça 
e acende a chama. 
reclama, 
me engana, 
me deixa insana 
e me inflama.

batatas #1

mãos nas batatas, 
bate o meu coração 
mais forte 
para dar o bote. 
ele fecha a boca e foge.

E você?

Eu sou aquela que pisa na própria sombra, que escreve anônima e depois entrega o jogo, mostrando a cara para divulgar supostos textos anônimos. Eu escrevo para construir uma versão melhor de mim mesma, a better version of me, onde o pior apareça: as palavras mais contidas e o indizível das experiências... dos pensamentos, dos beijos, dos medos. Little trouble girl, Good disaster, A better version of me, Lady Lazarus. Ansiosa, dolorida, curiosa, impaciente, stalker. Apreciadora de contextos, verdades, explicações, reflexões, palavras, textos bem construídos, nomes e do seu nome. Qual é o seu nome? Quem é você, visitante?   

EU (Florbela Espanca)

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!