Can you name all the bones in my body? Can you make all the tones in my head? Que responsabilidade seria ganhar esta caixa quadrada, desajeitada e dura na qual me encontro. F R Á G I L. Este lado para cima. Que crueldade entregar esta caixa a algum par de mãos macias, aquecidas e de bom coração. Que complexo nomear os ossos no corpo de alguém, separar os que doem dos que não doem, catalogar, dobrar os ossos e guardar em sacos plástico.
Tem dias em que sou um amontoado de músculos, nervos e articulações embaraçados, enroscados e dobrados dentro de um envelope jogado em cima de uma mesa feita de ossos. Os ossos caminham e carregam o envelope.
Can you name all the bones in my body? Os ossos, os músculos, os nervos, as articulações, todos anônimos, gastos e degenerados pelo pensamento tóxico e pela ilusão de que alguém um dia possa vir a nomeá-los. Can you make all the tones in my head? Parar essa música, esse disco de um lado só que recomeça a cada minuto, que range no encostar da agulha fria que o costura, deixando marcas de sangue por onde ela passa. I could tame all the tigers in your bloodstream. É a agulha ou são as garras do tigre que abrem o espaço por onde o sangue escapa da pele que o aprisiona e o impede de correr? Os tigres estão aqui fora ou debaixo da pele? Can you lay all my ghosts in their graves? Pode o tigre fantasma voltar a dormir, o sangue parar de jorrar, o barulho cessar e o corpo se reorganizar? O que vejo são só tigres e ossos transparentes e acinzentados em meio a uma fumaça branca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário