terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Bordado e literatura: oficina temática de bordado em papel - A casa tomada (J. Cortázar)



Sábado, 02 de Fevereiro de 2019, das 14h às 17h na Casa Elefante

Rua Cesário Mota Jr., 277 - Vila Buarque
R$ 80,00
Link para inscrições: https://goo.gl/forms/nulwoSEyz9f7j2A03  

Resolvemos unir dois dos nossos gostos: bordar e ler.
A cada encontro ofereceremos uma aula de bordado em papel acompanhada de comentários sobre a leitura que inspira a imagem que tomará forma pela linha que atravessará o papel.
Nossa primeira leitura é Casa tomada de Julio Cortázar. (http://acervo.revistabula.com/posts/traducao/casa-tomada-julio-cortazar )

Você pode aparecer mesmo sem ter lido o conto e mesmo sem saber bordar.

Juliana Oliva pesquisa Simone de Beauvoir, é doutora em Filosofia pela EFLCH-UNIFESP (2018) e tem ministrado a oficina “Deve-se queimar Beauvoir?” em espaços culturais em São Paulo.

Rita Alves é formada em jornalismo, com especialização em Gestão da Comunicação pela ECA-USP. É fundadora da marca de bordados autorais e personalizados Dona Rits (@donarits) e idealizadora do projeto de intervenções urbanas bordadas Cabe Mais Amor (@cabemaisamor). Também bordou um dos painéis cenográficos da peça O Resto é Silêncio, exibida em dezembro de 2017 no Sesc Santo Amaro, e já bordou para o projeto Flores para os Refugiados (@floresparaosrefugiados).

terça-feira, 16 de outubro de 2018

nova edição do curso Mulher e literatura: Woolf, Beauvoir e tantas outras

O curso tem duração de quatro encontros:
Quartas-feiras, 31/10, 07, 14 e 21/11 das 19h às 22h no Eugênia Café Bar - Rua Cônego Eugênio Leite, 953 - Pinheiros - São Paulo - SP
taxa única de inscrição: R$ 50,00
Formulário para reserva de vaga e inscrição: https://goo.gl/forms/lOClGmPo14k6ZpS52

As discussões sobre mulheres, feminismos e gênero têm ganhado muita força e amplitude nos últimos anos, principalmente no campo da Literatura. Para além da esfera da Internet, o surgimento de grupos que motivam a leitura de obras de diferentes gêneros escritas por mulheres, o fortalecimento de grupos de escrita para mulheres e do próprio movimento feminista (em suas mais variadas vertentes) traçam um caminho – ainda bem – sem volta. Já não nos deixamos passar imunes à pergunta: “dentre os livros que li esse ano, quantos foram escritos por mulheres?” Até que a descoberta e a busca por autoras tornam-se quase naturalizadas.
Com o objetivo de contribuir com esse movimento, nasceu o curso “Mulher e Literatura: Woolf, Beauvoir e tantas outras”. 
Por que Woolf e Beauvoir? As duas são escritoras consagradas que nos deixaram reflexões ainda muito importantes para pensarmos o problema da construção da ideia de inferioridade da mulher. E ainda, há um “encontro” entre as duas: Beauvoir era leitora de Woolf! Mas, como apreciadoras da literatura que diversas mulheres têm produzido, e cientes da importância do diálogo, do debate, sobre essa produção, como apontamos acima, propomos estendermos nossos comentários, considerando também outras escritoras.
Além disso, um bordado poético inspirado no tema e no conteúdo das aulas será produzido por uma das professoras e fará parte da produção final de um fanzine colaborativo. Ele será criado a partir das impressões e resultados dos exercícios de escrita propostos ao longo dos encontros.

Juliana Oliva é mestra e graduada em Filosofia na Universidade São Judas Tadeu (USJT). Atualmente é doutoranda em Filosofia na EFLCH-UNIFESP, onde pesquisa a relação erótica autêntica como imagem da reciprocidade em Simone de Beauvoir, e tem trabalhado com a oficina “Deve-se queimar Beauvoir?” em espaços de cultura. Também escreve relatos poéticos em um blog chamado “a better version of me”.

Renata Cristina Pereira graduou-se em Letras pela PUC/SP em 2011 e em Filosofia pela USJT em 2017. É mestranda do curso de Filosofia na EFLCH-UNIFESP, onde pesquisa a obra de Virginia Woolf a partir do aparato teórico do filósofo francês Paul Ricoeur. É professora de Literatura na rede privada do ensino básico e educadora de Língua Portuguesa no Curso Popular Mafalda.

Rita Alves é formada em jornalismo, com especialização em Gestão da Comunicação pela ECA-USP. É fundadora da marca de bordados autorais e personalizados Dona Rits (@donarits) e idealizadora do projeto de intervenções urbanas bordadas Cabe Mais Amor (@cabemaisamor). Também bordou um dos painéis cenográficos da peça O Resto é Silêncio, exibida em dezembro de 2017 no Sesc Santo Amaro, e já bordou para o projeto Flores para os Refugiados (@floresparaosrefugiados).

evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/151986369081763/ 

domingo, 10 de junho de 2018

Curioso, nestes dias, beber sozinha num bar onde se escuta alguém cantando que convida todo mundo para sua festa, menos "você, que não presta". Eu sei que não é exatamente assim. Curioso escolher a cerveja uma vez compartilhada com alguém de beijos tão específicos e tão agradavelmente precisos que nunca mais deu notícia e sentir apenas o gosto da bebida e não daquela ou de qualquer outra ausência. E acima, uma tv calada e a cilada da imagem de homens que cozinham sob um título de um quadro que sugere que é a mulher quem manda. Curioso, nestes dias, depois do encontro no bar com as imagens da música, do beijo ausente e da tela, assistir a uma peça sobre três mulheres que partem. Partidas descritas pela palavra "preciso", não para evocar "precisar", mas "precisão", assinala a atriz.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Era esse o calor. Era exatamente esse o calor da xícara de chá de louro e do vermelho do batom que estavam entre os preparativos para o primeiro passo dado com as meias pretas. 
Por que as meias em Fevereiro? 
Ora, por que tanta festa e tanto calor em Fevereiro?
Não foi preciso responder a nenhuma dessas perguntas porque o calor, as meias, o chá, o sangue, as coincidências e o encontro e os seus desdobramentos fluíam muito bem. Tão bem, que era fácil lidar com os blocos de calor, alinhavados um a um pelos passos, agora livres das meias, na direção Oeste e de outra falsa e mágica realidade a cada encontro. E a cada encontro ficavam elástico, vestido, leite, touca; e voltavam fios de cabelo. 
Enquanto isso o clima abrandava - que bom, o frio! - até (de repente, quase simultanemante) a geada. Não foi longo o inverno, como poderia ter sido, foi até fácil juntar o leite derramado, dar novo significado ao vestido, devolver os fios de cabelo e calçar os 3/4 de agressividade do frio.
É certo que houve tentativas de apagão, que foram destruídos os mapas poéticos de construção, que parte das pernas congelou. E que, outra vez, quase simultaneamente, o calor voltava a incomodar. Mas de algum modo tudo se passou como se nada tivesse derretido ou sucumbido. As folhas, as flores, todos os blocos de novos trinta dias passaram sem trincar e sem que fosse preciso contar. Por que contar agora então?
Não contou nem um segundo. Nem mesmo contou com a possibilidade desse calor, exatamente esse calor, voltar arrastando as meias, a agressividade, os fios de cabelo, a raiva, o leite derramado, a manipulação da luz, as coincidências, a covardia.
Quantos anos cabem em um nunca mais? 
Quantos blocos de calor será preciso descosturar para passar?
Para que evaporem as lembranças tristes que doze meses depois desatam e desaguam sem avisar.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Lá vem elas,
víboras vozes.
Avós me livrem!
Levam vida, vôo.
Falam, falam, falam.
Não escutam.
Regulam minha palavra,
Jogam o amor que eu não quero na minha cara.
As vozes às vezes voltam.
Vínculo velho, gasto, difícil.
Por um fio
ainda ouço os gritos
que humilham com sangue e com
um pacote de valores podres
sobre a herdeira que não fui.
Sobre o cume que não vi.
Vocalizam os "bons partidos" que deixei
por aqueles (que partem) com quem dormi.
Punições por pensar.
Recompensas se dissimular.
Para o dedo em riste,
meu riso
da minha falta de juízo.
Meu ridículo passado de boneca
num vidro - atiro!
Frustrar expectativas,
reconheço, vozes,
com carinho,
quase vocação.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

terça-feira, 3 de outubro de 2017

nova e última chance de inscrição em "Deve-se queimar Beauvoir?" na Casa Elefante!

O primeiro encontro da atual edição da oficina ocorreu em 30.09. 
Se você perdeu e gostaria de se juntar a nós neste percurso, é possível iniciar a oficina a partir do segundo encontro e nos acompanhar em boa sintonia!


oficina Deve-se queimar Beauvoir? na Casa Elefante 
https://www.facebook.com/events/1955299541405331

4 encontros 


Sábados 30.09, 07, 14 e 21.10 - das 10h às 13:30h

R$ 40,00 (taxa única) em dinheiro ou cartão de débito/crédito


Inscrições na Casa Elefante - Rua Cesário Motta Jr., 277 (sobreloja) 
ou por e-mail: porquenaoqueimarbeauvoir@gmail.com 


sábado, 16 de setembro de 2017

nova edição de "Deve-se queimar Beauvoir?"


Sábados, 30.09, 07, 14 e 21.10 - das 10h às 13:30h na Casa Elefante - Rua Cesário Motta Jr., 277 - sobreloja - Santa Cecília

R$ 40,00 (taxa única)



Deve-se queimar Beauvoir? – oficina para olhar “melhor” a filósofa
Simone de Beauvoir

O nome desta oficina é inspirado no título da análise da filósofa francesa Simone de Beauvoir (1908 – 1986) da moral elaborada pelo filósofo francês Marquês de Sade (1740 – 1814), intitulada Faut-il brûler Sade?, que podemos traduzir como “Deve-se queimar Sade?”, e a proposta, na repercussão da inclusão de uma questão sobre o tema do livro O segundo sexo (1949) de Beauvoir na última prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) no Brasil.
A proposta da oficina é apresentar um panorama sobre a vida e a obra de Beauvoir, com o foco nos conceitos filosóficos da autora necessários para compreender a sua análise sobre a mulher na sua célebre obra sobre o tema, O segundo sexo, e dialogar sobre a importância atual da autora na discussão de questões sobre a mulher e sobre gênero em diversos âmbitos.
Os encontros consistirão em rodas de conversa com o público com base na leitura de trechos de textos de Beauvoir e de textos jornalísticos e manifestações em redes sociais que exaltaram ou aviltaram a sua imagem nos últimos anos, e aulas expositivas, cujos temas serão a vida e a obra da autora, seus conceitos filosóficos a partir da obra Por uma moral da ambiguidade (1947), e a proposta e a estrutura de O segundo sexo. O último encontro será exclusivo para as pessoas que participaram da oficina apresentarem, em linguagens diversas, o seu atual ponto de vista sobre a filósofa após a experiência nas aulas. 

Inscrições na Casa Elefante ou por e-mail: porquenaoqueimarbeauvoir@gmail.com 

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

cânfora por uma semana

Cânfora
aflora o frio e o jogo fosco
do desaforo,
fora todo encanto, ardil e esboço,
forma novo jogo, fundo
falso,
do poço.
Do peso no pescoço.
Canta
fora
do tom, de forma.
Deforma
camada
de som e sombra.
Prescrição:
Cheirar cânfora por 1 semana.

modificar ou modos de ficar

Pensei que fosse morrer.
E quando descobri que,
para eles,
o contrário do desrespeito é o sufoco,
pensei:
Não sei se grito ou se corro.
Corri.
E não morri.
Eu ri,
de alívio,
de deixar o vício em desperdício,
em dez perdas por cada sorriso
ou dez pedras por cada sumiço.
Me assumi
e me encontrei
em um, dois, três suspiros ritmados
e em olhos amigos.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

sobre o prefeito na tv (escrito em Abril)

Eu prefiro
Tu precisas
Ele prefeita 
Nós perdemos.

escrito entre 09-10/04/2017

acordes e cordões de
cardamomo
morosidade
incômodo
amarram o meu estômago

escrito em 24/03/2017 - ruptura

eu não sei como começou
com sua cara - cara ou coroa -, sorte, cabelos ou não.
quatro - de repente quatro encontros,
coro, corro, choro,
corpo - encaixe. não como.
choque!
empecilho não!
mil vezes linda, mil bons dias e noites iludidas
pela tecnologia.
casa, comida, comidas e
roupa no armário.
no meio da noite não há mais sono nem sonho - STOP!

sementes ocas
piso em falso num terreno infértil.

Onde foi que eu errei?
Onde foi que eu feri sua existência poética?
Poeira e falta de métrica.
O que foi que eu não vi?

quinta-feira, 23 de março de 2017

obsolescência programada

As possibilidades não param de girar nas rodas do tinder, do okcupid e do happn. Tal qual as novas coleções de roupa nas lojas, que se renovam às custas de desumanização (trabalho). Sempre é preciso mais. Mais um crush ou mais uma peça de roupa. Aumentar o consumo e diminuir o humano. Trabalho para renovar o que se vende na vitrine da loja; trabalho para comprar e vender-se na vitrine que é a tela. A curta durabilidade e a incessante produção de novidades também garantem a suposta necessidade de consumir mais um. A falta de tempo - o tempo é sugado pelo trabalho - diminui a durabilidade das relações humanas - e no fim elas também são trabalho. Há sempre um próximo item para suprir as necessidades não atendidas pelo anterior. Nos ve[nde]mos (e desaparecemos) nas vitrines. Nunca vão parar de girar.     

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

outra vez-vem a nuvem

aqui no topo,
nuvem:
novelo de velas que lambem
o breu
no meu peito
e nada deslindam
no meu cérebro,
apenas descongelam.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

narcose


narcose, doçura.
delírio,
delirium tremens.
te extraño.
i miss you, sugar.
tremo de beijos,
degusto seu-meu medo.
medir o tempo, não merecemos.
não compreendo
essa relaciona-e-mente.
miragem, magia, milagre
não engrandecem.
te quero, coração,
sem tripa, sem trabalho.

são tantos agouros
que aturam os mosquitos
dentro da tua cabeça,
que tentam escapar pela tua nuca 
encucada e em coleira.
cria cores,
comete crimes
para salvar uma crise, um dia,
que nunca terminam.
too much work for something that never worked.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

semana passada

existo nesta mão que toca o estilete e
desiste de 
trincar anda mais meus
trinta.
e um segundo,
como um segundo olhar, me salva.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

"Deve-se queimar Beauvoir?" na Biblioteca Mário de Andrade


Deve-se queimar Beauvoir?
Oficina
Dia: 17 e 24, das 14h às 17h
Local: Sala infantil
A proposta da oficina é apresentar um panorama da vida e da obra de Beauvoir, com o foco nos conceitos filosóficos da autora necessários para compreender a sua análise sobre a mulher na sua célebre obra sobre o tema, O segundo sexo (1949). O objetivo é discutir o trabalho da escritora além dos aspectos acadêmicos. No último dia da oficina, cada participante terá espaço para apresentar sua produção ou manifestação inspirada na experiência adquirida nos encontros.
Juliana Oliva graduou-se em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu em 2007. Em 2014, como bolsista Capes, concluiu o mestrado em Filosofia com a dissertação Identidade e reciprocidade em O segundo sexo de Simone de Beauvoir. Atualmente, é doutoranda em Filosofia e bolsista da Capes pela EFLCH-Unifesp, onde pesquisa a relação erótica autêntica como imagem da reciprocidade entre homem e mulher em Simone de Beauvoir, a partir dos conceitos de O segundo sexo e das representações na obra literária Os mandarins.

sábado, 13 de agosto de 2016

Sexto encontro aberto do Cortázar Clube na Casa Elefante

Ainda estamos sem saber o que dizer sobre a descoberta no último encontro, que vestir um pulôver pode levar alguém a cair do décimo segundo andar. Talvez Marcos Lizardo tenha algo a dizer.
Enquanto isso, passemos ao próximo:
Sexto encontro do Cortázar Clube na Casa Elefante
No mês do aniversário do Cortázar convidamos todas e todos a levar algumas linhas de presente, algum conto curto ou trecho de qualquer outro escrito do Cortázar ou sobre ele. Que tal?
Dia 23.08 - 19h-21h @ Casa Elefante - Rua Cesário Mota Jr., 277 - próximo à estação Santa Cecília

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Deve-se queimar Beauvoir?



 flyer lindo divulgado na página do Mafalda



 




Olá. Meu nome é Juliana Oliva e eu estudo Simone de Beauvoir. Oi. Eu sou a Julie, eu saí do facebook há mais de dois anos e eu posto poemas confessionais neste blog anonimamente. Ah! Antes de tudo, dizem que eu sou uma mulher. Eu sou?
Foi da vontade de sumir que vai e volta, que anda fortemente presente nos últimos meses, que surgiu a ideia de criar este blog e, mais tarde, de sair do facebook. Sumir ao menos na vida virtual então. Não tem mais Julie nem Juliana Oliva, fica a better version of me, esta, talvez nem sempre melhor. Foram quatro pedaços de felicidade, quatro dias em que encontrei, graças à querida Renata, dez garotas (Alessandra, Beatriz, Gabriela, Graziela, Jessica, Julia, Lauana, Midria, Thainara e Zaira) e um garoto (Gabriel) no cursinho Mafalda SP Leste I, que me fizeram sair do anonimato neste blog. Ou melhor, não fizeram nada, na minha experiência com elas, com ele, desvelei o mundo de outra forma e escolhi dizer aqui quem eu sou, e o que eu fiz: um curso de férias.
"Deve-se queimar Beauvoir?", inspirado no título do texto da autora "Deve-se queimar Sade?", foi o nome que escolhi para o curso. A ideia era contar sobre a vida e a obra de Beauvoir e ensinar um pouco sobre a sua perspectiva filosófica e a aplicação desta no que diz respeito ao problema - aos problemas! - da mulher - das mulheres! - no célebre O segundo sexo, mas... partindo do que se diz sobre a autora, das frases atribuídas a ela nas redes sociais e do que cada participante conhecia a respeito. Acredito que consegui realizar a proposta. 
Foram quatro encontros. No primeiro dia perguntei "quem é Beauvoir?". "Beauvoir" era um nome frequente no facebook associado aos feminismos, era tema de uma pergunta do ENEM ou era apenas um nome que aparecia no título de um dos cursos de férias do Mafalda. Aos poucos, Beauvoir ganhou corpo na nossa sala, não apenas pelo que eu ensinava nas minhas longas falas que estouravam o tempo que eu pensava que a aula duraria quando escrevi a proposta, mas a cada olhar, a cada dúvida, a cada contestação, a cada comentário, a cada reflexão e principalmente, a cada reação contra a situação de machismo que ainda persiste. Situação que transcendemos ali dentro. 
Minha proposta para terminar o curso era abrir espaço para que cada participante expressasse na linguagem que preferisse o olhar que adquiriu ao longo dos encontros. O resultado foi lindo: um jogo de palavras, um poema, da Midria, a lembrança da Graziela da letra de "Pais e filhos" da Legião Urbana, o desenho que a Gabriela fez da Beauvoir, o desenho da Zaira inspirado no curso, o texto sobre Beauvoir e O segundo sexo escrito pela Jessica e a palavra final da Julia à pergunta "Deve-se queimar Beauvoir?"! Decidimos que não. 
Com este texto, agradeço à Re, ao cursinho Mafalda, a funcionárias e funcionários da UNICID (espaço que abriga o Mafalda), às alunas e ao aluno incríveis que tornaram o curso possível e à Tati Schunck (a maior incentivadora da escrita e da divulgação da proposta), e reitero que desejo muito que "Deve-se queimar Beauvoir?" aconteça em outros espaços. 
Eu sou a Juliana Oliva, mas podem me chamar de Julie. Às vezes eu canso de tudo, mas Beauvoir e muitas pessoas lá fora me lembram de que vale a pena não sumir. Então apareço. 




Alunas que estavam presentes no último dia do curso.





o presente que ganhei da Gabriela






O poema da Midria:


Durante todo o tempo de nossa existência

Uma questão que deve se manter em eminência 

É a da prática iminente da ausência


Da ausência de justificativa

Da valorização transcendental de toda liberdade original

De compensar o peso de suas ações sobre a terra

E perceber que a vida é como um nau:fragia ou não

A partir do que se entende e se faz dela afinal


nossa foto feita pela Julia


o texto da Jessica

quarta-feira, 6 de julho de 2016

12.07.2016, 5° encontro aberto do Cortázar Clube na Casa Elefante

Percebemos que o frio chegou e queremos nos divertir um pouco. Isso é tudo. A leitura do mês é "Ninguém seja culpado", do livro Final do jogo. Não sinta culpa se não tiver tempo de ler o texto, vá mesmo assim ao encontro. E não esqueça o seu pulôver.

Terça-feira, dia 12 de Julho de 2016 às 19h, na Casa Elefante - Rua Cesário Mota Jr., 277

convite no Google+: https://plus.google.com/u/0/events/cb7o4ob0pepun37pv6bcfjblq8g?authkey=CL3y2Of22uStgwE

sexta-feira, 10 de junho de 2016

terça-feira, 7 de junho de 2016

você de novo
aqui
minha voz
(vai agora)
vacila
cilada sua
soa e sua,
me domina,
me ilumina,
ilusionista
sua língua
alisa
meu vício,
minha sina,
viral
vi roubar-lhe a luz
e a lucidez
dez vezes
desde sempre
minha vida
má, vil vida em vão
não
(vai agora)
não.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

depois do post anterior, hoje esbarro neste trecho

"Désir d'écrire à Jacques. J'avais dit que non, il vaut mieux que non. J'y irais plus loin que peut-être il ne le voudrait lui-même. Il faut attendre sa lettre, qui ne viendra pas. Il y a quelque chose d'extraordinaire. Que je puisse concevoir si bien ma vie sans amour, et même la vivre. Que je ne sente aucun manque quand je n'aime pas, sinon par comparaison, et que j'aime ainsi d'un amour qui est une plénitude tellement incommensurable avec la fausse plénitude de l'autre." (BEAUVOIR, Simone. Cahiers de jeneusse 1926-1930. Paris: Gallimard, 2008, p. 532)

escrito por Simone de Beauvoir em 18 de novembro de 1928 no sexto caderno dos seus diários. Os grifos são meus. Alguém quer a tradução?

quarta-feira, 1 de junho de 2016

só para constar

"O que é toda essa história? Do que se trata? Quem é esse Robert L.? Chega de dor. Estou a ponto de compreender que não há mais nada em comum entre esse homem e eu. Dá no mesmo esperar um outro. Eu não existo mais. Então, se eu não existo mais, por que esperar Robert L.? Dá no mesmo esperar um outro se eu gosto de esperar. Nada mais em comum entre esse homem e ela." (Marguerite Duras)

Das coisas mais legais que eu já ouvi e li. Trecho da peça "A dor" (com Rita Grillo, dirigida por Vanessa Bruno) que está em cartaz no Sesc Consolação, provavelmente um trecho do livro A dor (La douleur) de Marguerite Duras. O grifo é meu.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

O que eu disse
retiro
na cabeça
não há melhor lugar
para uma bala
adoçar
os bichos que devoram o doce da vida
por dentro
matar de diabetes o pensamento
há de mirar e admirar
tiro

quarta-feira, 25 de maio de 2016

without thinking, without breathing, without blinking

preocupações estranhas, ouvindo In utero do Nirvana e digitalizando 32Mb de páginas... escrevi isto:

repetition
paranoia
my brain will stop
69 is the number of crimes
inside my head
once there was pain
in bed 
I beg myself to, please, do not stop
do not mess it all again
poor rhymes
poor pills
such a baby
to face the thrill
deny and lie
scream and cry
until the kiss is ill
with the bloody valentine
that licks me
blessed fingers
and holy mouth
pleasures inside the box
shaking bones
and caressing the thorns
around the wrists
to watch the pulse cease
my favourite season
is the winter, of course
but nothing like spring
when stomach and liver bloom
spiders and butterflies
by the way, you again,
butter me under your sheets
whisper me 
our dirty rules
grab me at the feet
close to your ears
inside out in your arms
I feel like I disappear
No beer
Wait for wine
You put fire on my mind
I love when we are
face to between the thighs
Pardon
if my writing is too much high
It's just because I'm constantly
afraid to die.

Quarto encontro do Cortázar Clube + participação de Tiago Genoveze

Recado do Clube:

Fiquemos com apenas uma surpresa, a do último encontro! 
O que não era surpresa aconteceu lá fora, e aqui dentro de nós. Surpresa ou não, rejeitamos esse acontecimento. 
Dispensamos a surpresa do próximo encontro. Não haverá "leitura surpresa", haverá a leitura de "Apocalipse de Solentiname" do livro Alguém que anda por aí
Mas não pensem que não gostamos mais de surpresas. Tendo lido ou não o texto, vocês podem aparecer de surpresa. Aliás, no último encontro ocorreram duas: a leitura, e a visita de um desconhecido chamado Tiago Genoveze, que será nosso parceiro no quarto encontro.

Eis o convite de T:

Solentiname é um lugar real. Um arquipélago no extremo sudeste do grande lago da Nicarágua. Uma utopia nas decadas de 60 e 70. As ilhas, hoje, quase inexistem de tão esquecidas.
Foi a leitura deste conto que me levou a viver em Solentiname por quase dois anos. Estarei presente no próximo encontro pra ajudar na contextualização histórica, compartilhar alguns trabalhos fotográficos que desenvolvi no local e, mais importante, emaranhar-me no conto com aqueles que estiverem presentes. 

O quarto encontro acontece na quarta-feira, 08.06.2016, às 19h na Casa Elefante - Rua Cesário Mota Jr., 277

https://www.facebook.com/events/1007779805956970/

https://plus.google.com/u/0/events/ci9hhmvntpjtd9ako770tm7kajo

quarta-feira, 18 de maio de 2016

you and me, we are just our hips

dark and twisted like Meredith, 
I choose 
to twist and shout my hips on yours
and to break the glass of my memory.

a toast to my dirty grey shadow
moving deliciously slow
during the meeting of 
bodies and no soul.

a great lover
has just escaped from my stomach
to lick you from head
to toe.

would you give me the pleasure of
one more night
to let everything go?

domingo, 15 de maio de 2016

Na sombra

Cansei de criar acaso,
de caso em caso,
de construir casas
em braços fracos
e pouco acolhedores.

Cansei de ver flores,
de plantar sabores
e de desenhar o aroma das cores
de amores
que desbotam o meu olhar.

Cansei de amar
a cidade cinza
onde se morre
um pouco a cada passo,
a cada esquina,
de bar em bar,
a cada estação que se deixa
e a cada rotina,
em vão.

Vão todos para o inferno!
Cidade enferma
alerta para o medo, o ódio
e o desapego.
Previsão de rajadas de vento.

Cansei de palavras de ordem,
de herói, de sorte,
do progresso corpulento.

Poema escrito para a foto de Rose Steinmetz para o Foto Sarau 3: https://www.facebook.com/fotosarau/

Chupar um limão

Ficou pensando no gole
que daria na sua pink lemonade
em seguida,
em como de um só golpe
a sua garganta
o líquido tomaria.
Ficou pensando ainda:
E se a bomba explodisse?
Pensou então na gosma retrógrada
que não apenas envolveria,
mas deformaria a sua vida,
de um só golpe.
Assim sentiu como a gola,
do casaco da última moda,
o golpeava.
Cada letra impressa na sua nuca
o sufocava.
E se a bomba,
a maldita promessa dos canalhas,
de deuses e armas,
explodisse?
Voltou a pensar na limonada,
agora no copo e no gelo,
que arrebentavam.

Poema escrito para a foto de Arluce Gurjão para o Foto Sarau 3: https://www.facebook.com/fotosarau/

domingo, 24 de abril de 2016

domingo, 10 de abril de 2016

poema ao pernilongo

Escutando o zumbido,
meio desperta, meio dormindo.
Sinto que existo
apenas esperando a morte chegar, 
a minha ou a dele.

Imperceptível o tempo
tal qual
a sustentação quase invisível
deste que suga a vida,
não tanto pelo sangue
mas pelo sono que me tira.

Três da manhã, quem dera,
olhos cobertos, rumo a imagens incertas,
cerimônia de sossego ao corpo.
Em vez de sonho, celofane levita pernas longas.

Pequeno corpo,
listras, picadas,
sob a minha vista cansada.
Sacudo, acudo em vão
o meu sono, a cada vôo
deste intruso.

terça-feira, 22 de março de 2016

12.04.2016 - 2° encontro aberto do Cortázar Clube

Em abril a Casa Elefante será Tomada por Cortázar mais uma vez. O que leremos, não sabemos - é preciso se expor ao acaso para gostar do que a literatura é capaz!
*Bem-vindos a novos capítulos!* (chamada escrita pelo meu amigo Alfajor)


Casa Elefante - Rua Cesário Mota Jr., 277 - sobreloja. Estação Santa Cecília: largo, D. Veridiana, Jaguaribe à esquerda, Cesário Mota Jr. à direita.

Postamos um breve comentário fotos do último encontro no nosso blog: http://cortazarclube.blogspot.com.br/

segunda-feira, 21 de março de 2016

a relevância indelével
da leveza da tua língua
na minha vida
vacila
e me envenena.

sábado, 19 de março de 2016

A primeira coisa que me impressionou e que não consegui explicar

Quando vi a foto no livro, a escovinha não foi mais como antes. E quando olhava aquela escovinha de novo, pensava na foto no livro. Sabia que eram coisas diferentes, que não comeria a escovinha mas por que eram tão iguais sem serem a mesma coisa... Eu tinha uns quatro ou cinco anos de idade.

quinta-feira, 10 de março de 2016

sete de março, na padaria San Marino na Vila Mariana

No answer.
No anxiety.
No sense - nonsense - pas du sens.
Silence.
Sem sorriso (sorria sempre).
So sorry.
So long.
So special, so tired.
Je suis fatiguée.
Je suis ÇA qui n'a pas de place.
Saudade
Em certas línguas, aí complica.
Curvas longilíneas.
Alinha com a minha
Intenção. Ai, meu coração.

coleção cinco de março

não seguro
o que dura
de tão leve - 
pena.


finalmente, eu
entre os seus dentes
e agora essa saudade
que lambe.


Quantas linhas se embaraçam e se entrelaçam nessa boca que escapa do meu desenho? Com quantos riscos se faz um beijo?


seus dentes trincam na minha
SOLIDÃO


corpo não tem coragem
de pisar neste lugar nem
de se colocar de acordo com a 
cor e o sabor que pode proporcionar.


Não sei por que escrevo tudo isso, 
porque não tenho lugar.


venta no meu corpo inteiro 
o teu silêncio.


parte o meu tempo essa sua partida
sem sentido.


meu coração sem pé nem cabeça quer
seu corpo outra vez.


o amor está nas mordidas e nas partidas.


Respirar entre os beijos inventa solidão.
Inventar beijos é respirar solidão.
Beijar solidão requer inventar muita respiração.
Respirar só beijos é morrer de solidão.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Hoje não é dois mil e seis

para  G.

Em cada ponta de uma década:
nós, 
desatando em desejo, trincando beijos.
Eu aos vinte, tu aos trinta - e três.
Num piscar dos meus olhos, os teus,
aos teus quarenta - e quase três.
Era dois mil e seis:
Teus dentes, meus lábios, pela primeira vez.
Inverno, vestígios frios, etéreos e efêmeros.
Tuas malas de viagem cheias de mistério.
Por uma década, teu silêncio quase eterno me visita.
"Hoje não é dois mil e seis.", repeti.
Repeti, repeti.
Te enterrei. Me enterrei.
Dois mil e dezesseis:
Passado presente, acaso pensado.
Tu, da minha mente à minha frente.
Logo tua língua, minha boca,
teus dentes, meus dentes - ah teus dentes! -,
tua boca, minha língua, outra vez.
Hoje não é dois mil e seis 
nem dois mil e dezesseis.
Desfaz-se a década na duração surda a medidas.
Verão, teu novo olhar e a minha melhor versão.
Tu vestido? Quero não!
Teu corpo esclarece a minha mente obscura.
Teus dentes desenham no meu seio 
a delícia e a dor do desapego.
Nosso entrelaçar delicadamente intenso confunde o tempo.
No meu corpo prego desespero pressentindo tua ausência.
Tu, entregue e despido aos meus trinta,
a mim, enquanto eu viva, 
outra vez, não sei.
Tu: desaparecido pela segunda vez.
Sedenta, tensa de saudade, sinto, sento e não espero.
Ainda te desejo.
Na sombra do teu silêncio,
em meus dedos,
procuro o que ficou de ti.
Não sei se te escrevo ou se me penteio,
se esmurro o teu tempo ou o meu espelho.
Desbota no meu seio a duração do nosso desejo.
Hoje é só dois mil e dezesseis a se desenrolar no tempo.


Poema escrito a partir da foto 2, fotografia de Alice Vasconcelos, do 2° Foto Sarau, e a partir de uma experiência bastante significativa sobre a qual eu não estava conseguindo escrever.

Desfile


Da mãe segue os passos
na terra ou no asfalto,
no boletim de ocorrência
ou na concorrência entre espelhos.
Na vinda vermelha, no vestido vermelho.
No vermelho do beijo e da
bofetada!
Abre aspas:
"Vestida de vermelho e prata, ela evocava os sons e a imagem dos carros de bombeiros ao irromperem pelas ruas de Nova Iorque, alarmando o coração com o gongo violento da catástrofe; toda vestida de vermelho e prata, o vermelho e prata dilacerantes, a abrir caminho através da pele. A primeira vez que olhou para ela ele sentiu: 'vai-se incendiar tudo!' "*
Fecha aspas.
Delineou com tantas cores, Anaïs Nin em
"Uma espiã na casa do amor".
Escurece o vestido.
Sapatos esquecidos.
Espaços são tecidos,
estampados,
tem um viés novo.
Salve a escrita como troca de vestido,
de mundo.
Desvia o rumo, o rosto.
Acorda.
A cor do coração devém roxo.

*NIN, Anaïs. ”Uma espiã na casa do amor". Lisboa, Vega, 3a. edição, p. 21.






Poema escrito para a foto 01, de Lucille Kanzawa, do 2o. Foto Sarau, realizado em 28.02.2016

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Encontro aberto #1 do Cortázar Clube


Encontro aberto #1 do Cortázar Clube, dia 15 de março, das 18:30h às 21:00h na Casa Elefante

Leitura surpresa!

Desvie o percurso do trabalho até a sua casa, suba as escadas da Casa Elefante com o pé e o pé e venha ouvir e/ou nos ajudar a ler um ou dois contos de Julio Cortázar. Após a leitura haverá uma conversa na qual poderemos analisar ou maldizer o texto, chorar com instruções ou até mesmo vomitar coelhinhos.

Logo mais haverá um convite no facebook.

Casa Elefante  Rua Cesário Mota Junior, 277 - próximo à estação Santa Cecília do metrô (saída para o Largo da Santa Cecília, Rua Dona Veridiana, à esquerda na Rua Jaguaribe até a Cesário Mota Junior)

http://cortazarclube.blogspot.com.br/



texto escrito no curso "Escrever, desenhar e bordar o erótico" no Sesc Belenzinho em 19.02.2016 durante a atividade em que escrevemos tudo o que vem à mente após uma colega ler em nosso ouvido um trecho de um conto de Hilda Hilst

Não mudei uma vírgula nem fiz nada para que o texto ficasse melhor. Esta foi a corrida entre a minha mente e a caneta no papel:
[Re]significar o que se repete, retomar. Amor? Sexo? Quem? Quando? Onde? Onde começa e onde termina esse frio e esse calor que eu sinto, que  me domina, me limita, me tira do lugar, que faz com que eu não exista. É preciso um outro para dar forma a esse corpo? Como chama o que a gente criou naquela tarde? Não é amor, não é poder, não é foder, não é nada de ordem moral, é a vontade, um saco de medos e desejos, o seu sorriso, a única coisa que torna lindo o seu silêncio, os meus fantasmas dissolvidos no tempo, fora do pensamento. Corpo, ritmo, coração batendo, duração bergsoniana - por que não? -, vento no meu peito. Reinvento. Não consigo. Lindo? Amigo? Ilusão? Libido? Não sei o que sinto nem o que fazer com isso. Concentrar tudo no dito "pinto" não tem sentido. Entendam como quiser. Queiram o impossível, o indizível e eu continuo aqui entre trevas da minha formação, minha libido desviada e a minha mente criativa e desviada.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Segundo Foto Sarau

Evento joia realizado pelo Fotroca:

https://www.facebook.com/events/538185299683178/

Hoje não é dois mil e seis (esboço 2 - 05.02.2016 - poema escrito para o 2° Foto sarau - 28.02.2016*)

para G.

Dois dias a cada dez anos,
ou são dois dias, dez anos?
Nossas bocas trincando.
Eu aos vinte, tu aos trinta.
Eu aos trinta, tu aos quarenta.
Os mesmos ou sombras
Daqueles dois de dois mil e seis.
Quando seus dentes, meus lábios, no inverno, pela primeira vez.
Vestígios frios e etéreos
Teu silêncio quase eterno me visita.
Te enterrei. Me enterrei.
Hoje não é dois mil e seis.
Dois mil e dezesseis
Acaso pensado, encontro marcado.
Olhos devoram, abraços deslocam, dois segundos.
Descascam o tempo útil os dentes.
De repente, uma década ausente.
Não era dois mil e seis nem dois mil e dezesseis.
Verão, tua volta e a minha melhor versão.
Tu? Vestido, quero não.
Nas pontas dos teus dedos, meus fantasmas.
Teus dentes desenham no meio seio
A delícia e a dor do desapego,
Que não aprenderei desta vez.
A durar, meu mundo sob teu olhar
E teu corpo a me nortear.
Nem o tempo matemático nem meus versos desnorteados podem contar.
Tu, despido aos meus trinta, ou enquanto eu viva, outra vez, não sei.
Tu, desaparecido pela segunda vez.
Sedenta e tensa de saudade, sinto, sento e não espero.
Te desejo, no meu corpo prego desespero.
Na sombra do teu silêncio,
Não sei se te escrevo ou se me penteio,
Se esmurro o teu tempo ou o meu espelho.
Se esvaece no meu seio a duração do nosso desejo.
Hoje é só dois mil e dezesseis a se desenrolar no tempo.


*Postarei a versão final após o dia 28.02.