domingo, 28 de fevereiro de 2016

Desfile


Da mãe segue os passos
na terra ou no asfalto,
no boletim de ocorrência
ou na concorrência entre espelhos.
Na vinda vermelha, no vestido vermelho.
No vermelho do beijo e da
bofetada!
Abre aspas:
"Vestida de vermelho e prata, ela evocava os sons e a imagem dos carros de bombeiros ao irromperem pelas ruas de Nova Iorque, alarmando o coração com o gongo violento da catástrofe; toda vestida de vermelho e prata, o vermelho e prata dilacerantes, a abrir caminho através da pele. A primeira vez que olhou para ela ele sentiu: 'vai-se incendiar tudo!' "*
Fecha aspas.
Delineou com tantas cores, Anaïs Nin em
"Uma espiã na casa do amor".
Escurece o vestido.
Sapatos esquecidos.
Espaços são tecidos,
estampados,
tem um viés novo.
Salve a escrita como troca de vestido,
de mundo.
Desvia o rumo, o rosto.
Acorda.
A cor do coração devém roxo.

*NIN, Anaïs. ”Uma espiã na casa do amor". Lisboa, Vega, 3a. edição, p. 21.






Poema escrito para a foto 01, de Lucille Kanzawa, do 2o. Foto Sarau, realizado em 28.02.2016

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