sábado, 6 de fevereiro de 2016

Hoje não é dois mil e seis - para G. (esboço 1 - 04.02.2016 - poema escrito para o 2° Foto sarau - 28.02.2016*)

Dois dias a cada dez anos
Nossas bocas trincando.
Quatro vezes em cada dez anos.
Nós, em uma década:
Eu, aos vinte, aos trinta
Tu, aos trinta, aos quarenta.
Não somos outros senão sombras
Daqueles dois de dois mil e seis.
Seus dentes, meus lábios, pela primeira vez.
Vestígios frios e etéreos
No teu silêncio quase eterno.
Te enterrei. Me enterrei.
Dois mil e dezesseis
O tempo útil dito década descascado pelos dentes.
Acaso pensado, encontro marcado.
Olhar, abraço, dois segundos e 
De novo as mordidas.
Dois dias, outra vez.
O verão, tu e a minha melhor versão.
Meus fantasmas nas pontas dos teus dedos.
Dentes que desenham no meio seio a delícia e a dor do desapego,
Que não aprenderei desta vez.
Vestido, não quero te ver.
Nem teu olhar para o meu mundo
Nem o meu mundo em teu corpo
Meus precários versos sabem descrever.
Tu, vestido ou entregue
Aos meus trinta outra vez, não sei.
Pela segunda vez, senhor do sumiço e do sabor intenso.
Tensa de saudade, sinto, sento e não espero.
Prego desespero no meu corpo e no meu desejo
Na sombra do teu silêncio.
Não sei se te escrevo ou se me penteio
Se grito entre os seus cachos grisalhos cortados,
Se esmurro o teu tempo ou o meu espelho.


*Postarei a versão final após o dia 28.02.

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