domingo, 16 de agosto de 2015
os números da loteria
são melhores.
Ímpares, são difíceis.
Porque nos ímpares,
minha idade é par,
e para lidar com par
é preciso empurrar
com a barriga.
Nos anos pares
minha idade é ímpar.
Independente de um par
não há problema,
já que par é para mim
sempre um prejuízo.
Um por ano,
seja par ou seja ímpar,
qualquer que fosse a idade,
nunca houve
Paridade.
domingo, 9 de agosto de 2015
Do ridículo do machismo
A cena:
Manhã de um sábado na saída de uma estação de trem. Estou caminhando em um corredor vazio em direção à rua. Dois caras conversam encostados naquela catraca antiga da estação, um do lado de fora (no corredor pelo qual eu passo) e o outro, do lado de dentro. O que está dentro da estação GRITA quando eu passo:
Nossa, hein, princesa! É "nóis"! E aquele "what's" que você me passou naquele dia e eu perdi? Me passa de novo!
quinta-feira, 30 de julho de 2015
Mal feito e de mal gosto
Se soubesse
que subo pelas paredes
quando sinto esse abraço,
que sinto até enjôo de barco...
Ficaria bem bravo
pela senhora ousadia
da menina.
O senhor ficaria de
braços cruzados.
E eu, de mãos atadas,
à deriva.
sexta-feira, 12 de junho de 2015
Trash french valentine
Rumina o rompimento
Ruptura
Ansiedade obscura.
Canção de ninar:
"Dorme moça.
Amanhã não será mais pura.
Nem vai saber o que eu fazia
enquanto você dormia."
Engole o seu destino
E o membro superior
Falo. Já ouviu falar de amor?
Me faz, porque eu te faço.
Sexo a dois à dor.
De um lado dói?
Do outro, domina.
E não pára de ferir enquanto não termina.
Sexo a dois à dor.
De um lado a ferida,
Do outro, a folia.
Infinitamente nonstop.
Se é com dor, como chama?
Chamou a doença
E diluiu a dignidade alheia.
segunda-feira, 8 de junho de 2015
Em uma ordem qualquer, quem eu gostaria (muito) que viesse (logo) tocar em São Paulo
Sleater-Kinney
P.J. Harvey
Rainer Maria
Portishead
Veruca Salt
The Babes in Toyland
Superchunk
Veria de novo: The Breeders, Sonic Youth (e/ou Lee Ranaldo), Yo la tengo, Team Dresch.
(pensando em quem ainda está se apresentando; e sim, sei que posso ter esquecido de alguns nomes)
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Classificados #2
Doutoranda com boa digitação em tablet e bico de papagaio no lado direito da mandíbula procura fisioterapeuta maduro, apreciador de suco de abacaxi com capim-santo, fã de Glenn Branca, com boa pegada e mão santa, para relacionamento sério.
Classificados #1
Ex-funcionária do comércio procura homem com credencial do clube dos comerciários, que leia Simone de Beauvoir, tenha um gato chamado Julio Cortázar e um telefone celular com lanterna, para relacionamento sério durante o outono e o inverno. São exigidos passeios mensais na unidade Bertioga do clube.
Sem indiretas e sem recadinhos. É só uma brincadeira de quem está solteira há tanto tempo.
segunda-feira, 11 de maio de 2015
Palabras y palavras: Les favourites
Palavra preferida: patacoada
Favourite word: bittersweet
Palabra preferida: paraguas
Mot preferé: Cocotte-Minute
Dog bless mes blessures
Just crush my heart.
Those little white candies,
They will make me cry
And crawl
With cranberry eyes
And coloured socks
Giving up skies
And asking you why.
Let me rhyme in English.
It is so much easier.
So much better to be blessed
Than être blessée.
Really? Seriously?
I'd rather lick mes blessures
Than being stuck in the blessing.
"Candy, candy, I can't let you go... Life is crazy... Candy, baby!"
Demora a secar os cabelos,
Pensa no Caso Dora,
Seca os pensamentos
Intrínsecos a uma massa seca.
Tem devorado moços com os olhos
Ressecados do recesso,
E do receio.
Recomeça a pensar no seu caso
Até que fura a casca.
Veste o casaco,
Olha-se no espelho com desprezo
E sai em busca de ar.
A cada letra,
Mais descaso
E mais se afasta
Da vida.
segunda-feira, 4 de maio de 2015
sábado, 4 de abril de 2015
aguada
Dividir águas com outrem
É quase um ultraje
Diante do medo de ser afogada.
Nem só em seu corpo
Em água
Sente-se tão à vontade.
Ilhada no hipermercado
Toldo azul estufa de ar enquanto o chão estufa de água.
Calçada e rua são só água.
O toldo forma ondas na mesma direção para onde a água no chão corre.
Um funcionário de uma lanchonete fast food descansa em seu horário de almoço ou no final de seu expediente frustrado. Ele está ilhado em seu local de trabalho. Talvez ele descosture a sua sacolinha verde musgo para fazer um cobertor, e o seu boné preto com a palavra BOSS costurada em amarelo brilhante, em que um $ está no lugar de um S (BO$S), e junte aos seus tênis vermelhos para fazer um travesseiro para passar a noite ilhado em seu local de trabalho, impossibilitado de ir para casa, de passear de girafa ou de ônibus ostentando o cargo de boss de seu boné, cargo que está longe de alcançar em seu atual trabalho, o que notamos pela sua cara amassada com olhos apertados como se o seu boné os pressionasse.
O toldo agora só balança a sua aba, como criança sentada em banco de adulto que balança as suas pernas no ar, o toldo azul com letras brancas, como cadarços brancos em tênis azuis de criança. A água, cansada de correr, agora se espalha e segue dissonante do toldo.
Isso dura muito pouco e logo o céu começa a acender e a apagar as suas lâmpadas, rosnando, para que comecem a sinfonia outra vez.
Ironicamente o vendedor também nos chama a atenção: "Atenção, clientes." Eu, que tenho medo de chuva e escrevo sobre ela agora para abafar esse medo, imediatamente penso que será anunciado que a loja vai fechar porque há muitas pessoas se escondendo da chuva aqui, e que teremos que ir para fora, dançar com o toldo e as águas sob as piscadelas e o rosnar do céu, quando, ironicamente, eu digo, o vendedor revela ao que ele quer que prestemos atenção: "Oferta relâmpago!" Percebo que será vantajoso ao mercado permanecer aberto enquanto a chuva durar. Só falta chamarem o funcionário boss para voltar a trabalhar.
04.03.2015
27 de dezembro de 2014, uma semana sem Mima
Chora a falta,
Chora a falha,
Chora a forca,
O sufoco, o nó
Na garganta,
Nosso e da gata.
Anda, é hora
De ir embora.
Bola de amor vira bola de pêlo preto, irreconhecível, pelo asfalto que a acolhe no último abraço, em que ela olha para quem tanto amava, amou, esperando um gesto que a salve e eis que nada. Como será que é morrer sem entender quem te ama ao redor só te olhando morrer, como se isso fizesse parte da vida? Quando é que essa parte acaba e a vida volta ao normal?
domingo, 29 de março de 2015
nem mais um latido
sábado, 7 de fevereiro de 2015
domingo, 25 de janeiro de 2015
domingo, 4 de janeiro de 2015
Não quero, aqui, continuar o debate, só compartilhar a recordação de que ainda prefiro muito mais a P.J. Harvey. Amém. Lick my legs, I'm on fire. Lick my legs of desire, cantou P.J. em "Rid of me".
Rainer Maria está de volta
E aqui, uma campanha para trazer a banda ao Brasil: http://www.queremos.com.br/rainermaria?r=GoYF229
domingo, 21 de dezembro de 2014
Mima
sábado, 20 de dezembro de 2014
Dix minutes dans la Cocotte-Minute
patacoada
calada
como uma
pata acuada.
Patacoada.
Em polvorosa,
Rarefaço
o que eu
raramente faço,
como um
polvo rosa.
mês de desprezo
dispenso.
mês de despesa
de presentes
intercambiáveis
que vem e que voltam
pra loja de onde vieram.
embalagens, presentes e
os mais sinceros desejos
descartáveis
e dobráveis.
mês de desespero.
problema poético
com poema
é
explicar demais.
porque, que é, que era, que foi,
que, mas, mais, que,
sujeito, verbo, objeto
sujeitos a mais
uma linha,
um ponto;
uma vírgula,
outra linha
forte,
que não desfia,
mas que não
desafia
a escrita quadrada
em que enquadro
as imagens
que escorrem pelos meus braços.
Ao ler Ana Cristina Cesar
Prazer em te conhecer.
Me pergunto se os pais
da minha amiga com teu nome
Te leram.
Os meus, não.
Mas a minha caneta
se parece com a tua.
Contudo (não em tudo),
Era a tua
melhor entortada
nas linhas retas.
Enquanto eu,
entorno a tinta
procurando
no poema que escrevo
qual será
sua última
linha.
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
a partir da letra de "I'll make you mine", da banda Rainer Maria
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
domingo, 9 de novembro de 2014
Contam sobre a Sylvia Plath para as garotas que escrevem...
Como (des)construir uma mulher feia
sábado, 20 de setembro de 2014
fragmento 1
Na verdade, deve ser uma venda.
Eu a compro,
E então já não enxergo mais nada.
sábado, 26 de julho de 2014
quando a neve começa a derreter
Alice Ruiz - grande informação!
A última novela que acompanhei terminou na semana passada
P.s.4: Se eu lembrar de algo a acrescentar, escreverei aqui.
sexta-feira, 11 de julho de 2014
um zine talvez como os que eu fazia e que talvez eu nunca mais consiga fazer
sábado, 5 de julho de 2014
sonho
manhã de cinco de julho de dois mil e quatorze
sem título
no espelho.
Espero
respostas de outro
tempo, dos anos,
NO REFLEXO
Escuto, enxergo.
Encontro azar,
Há sete anos.
Leio no momento:
O que eu amava (Siri Hustvedt) - indicação preciosa que me encanta no momento.
E as primeiras leituras como lição de casa de início de doutorado:
Os Mandarins (Simone de Beauvoir)
A mulher desiludida (Simone de Beauvoir)
Próximo da fila:
Quando o espiritual domina (Simone de Beauvoir)
Recorte
assombração
2. medo de que o teto caia,
ou 2.2 de que o chão se rompa.