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Cansei de criar acaso,
de caso em caso,
de construir casas
em braços fracos
e pouco acolhedores.
Cansei de ver flores,
de plantar sabores
e de desenhar o aroma das cores
de amores
que desbotam o meu olhar.
Cansei de amar
a cidade cinza
onde se morre
um pouco a cada passo,
a cada esquina,
de bar em bar,
a cada estação que se deixa
e a cada rotina,
em vão.
Vão todos para o inferno!
Cidade enferma
alerta para o medo, o ódio
e o desapego.
Previsão de rajadas de vento.
Cansei de palavras de ordem,
de herói, de sorte,
do progresso corpulento.
Poema escrito para a foto de Rose Steinmetz para o Foto Sarau 3: https://www.facebook.com/fotosarau/
Ficou pensando no gole
que daria na sua pink lemonade
em seguida,
em como de um só golpe
a sua garganta
o líquido tomaria.
Ficou pensando ainda:
E se a bomba explodisse?
Pensou então na gosma retrógrada
que não apenas envolveria,
mas deformaria a sua vida,
de um só golpe.
Assim sentiu como a gola,
do casaco da última moda,
o golpeava.
Cada letra impressa na sua nuca
o sufocava.
E se a bomba,
a maldita promessa dos canalhas,
de deuses e armas,
explodisse?
Voltou a pensar na limonada,
agora no copo e no gelo,
que arrebentavam.
Poema escrito para a foto de Arluce Gurjão para o Foto Sarau 3: https://www.facebook.com/fotosarau/
De repente, mais nada,
Nem conto de fada,
Nem relacionamento aberto.
Quero ninguém por perto.
Nem peito aberto,
Nem sonho de cavalgar no cavalo branco
Num belo dia.
Não tem mais olho que brilha.
Não tem amizade colorida.
Não espero um sorriso para ganhar o dia,
Nem alguém para me mostrar coisas bonitas da vida.
Deslizo da ilusão,
Lato alto para expulsar do ouvido
Os belos relatos testemunhados pelos amigos.
... [continuaria]
Acredito,
Dou crédito,
Assino embaixo,
Assassino meu passado,
A quem quer que dite
Que o dito amor não existe.
Bendito seja
O olho que provoca
A cortina ébria,
Brinca, quebra as peças.
De repente, restam
Regras, remendos,
Acordos e donos.
Não mais o brilho, o frio
Nem magia.
Coração e olhos, anatomia.
Se soubesse
que subo pelas paredes
quando sinto esse abraço,
que sinto até enjôo de barco...
Ficaria bem bravo
pela senhora ousadia
da menina.
O senhor ficaria de
braços cruzados.
E eu, de mãos atadas,
à deriva.
Sleater-Kinney
P.J. Harvey
Rainer Maria
Portishead
Veruca Salt
The Babes in Toyland
Superchunk
Veria de novo: The Breeders, Sonic Youth (e/ou Lee Ranaldo), Yo la tengo, Team Dresch.
(pensando em quem ainda está se apresentando; e sim, sei que posso ter esquecido de alguns nomes)
Doutoranda com boa digitação em tablet e bico de papagaio no lado direito da mandíbula procura fisioterapeuta maduro, apreciador de suco de abacaxi com capim-santo, fã de Glenn Branca, com boa pegada e mão santa, para relacionamento sério.
Ex-funcionária do comércio procura homem com credencial do clube dos comerciários, que leia Simone de Beauvoir, tenha um gato chamado Julio Cortázar e um telefone celular com lanterna, para relacionamento sério durante o outono e o inverno. São exigidos passeios mensais na unidade Bertioga do clube.
Sem indiretas e sem recadinhos. É só uma brincadeira de quem está solteira há tanto tempo.
Palavra preferida: patacoada
Favourite word: bittersweet
Palabra preferida: paraguas
Mot preferé: Cocotte-Minute
Demora a secar os cabelos,
Pensa no Caso Dora,
Seca os pensamentos
Intrínsecos a uma massa seca.
Tem devorado moços com os olhos
Ressecados do recesso,
E do receio.
Recomeça a pensar no seu caso
Até que fura a casca.
Veste o casaco,
Olha-se no espelho com desprezo
E sai em busca de ar.
A cada letra,
Mais descaso
E mais se afasta
Da vida.
Dividir águas com outrem
É quase um ultraje
Diante do medo de ser afogada.
Nem só em seu corpo
Em água
Sente-se tão à vontade.
Toldo azul estufa de ar enquanto o chão estufa de água.
Calçada e rua são só água.
O toldo forma ondas na mesma direção para onde a água no chão corre.
Um funcionário de uma lanchonete fast food descansa em seu horário de almoço ou no final de seu expediente frustrado. Ele está ilhado em seu local de trabalho. Talvez ele descosture a sua sacolinha verde musgo para fazer um cobertor, e o seu boné preto com a palavra BOSS costurada em amarelo brilhante, em que um $ está no lugar de um S (BO$S), e junte aos seus tênis vermelhos para fazer um travesseiro para passar a noite ilhado em seu local de trabalho, impossibilitado de ir para casa, de passear de girafa ou de ônibus ostentando o cargo de boss de seu boné, cargo que está longe de alcançar em seu atual trabalho, o que notamos pela sua cara amassada com olhos apertados como se o seu boné os pressionasse.
O toldo agora só balança a sua aba, como criança sentada em banco de adulto que balança as suas pernas no ar, o toldo azul com letras brancas, como cadarços brancos em tênis azuis de criança. A água, cansada de correr, agora se espalha e segue dissonante do toldo.
Isso dura muito pouco e logo o céu começa a acender e a apagar as suas lâmpadas, rosnando, para que comecem a sinfonia outra vez.
Ironicamente o vendedor também nos chama a atenção: "Atenção, clientes." Eu, que tenho medo de chuva e escrevo sobre ela agora para abafar esse medo, imediatamente penso que será anunciado que a loja vai fechar porque há muitas pessoas se escondendo da chuva aqui, e que teremos que ir para fora, dançar com o toldo e as águas sob as piscadelas e o rosnar do céu, quando, ironicamente, eu digo, o vendedor revela ao que ele quer que prestemos atenção: "Oferta relâmpago!" Percebo que será vantajoso ao mercado permanecer aberto enquanto a chuva durar. Só falta chamarem o funcionário boss para voltar a trabalhar.
04.03.2015
Chora a falta,
Chora a falha,
Chora a forca,
O sufoco, o nó
Na garganta,
Nosso e da gata.
Anda, é hora
De ir embora.
Bola de amor vira bola de pêlo preto, irreconhecível, pelo asfalto que a acolhe no último abraço, em que ela olha para quem tanto amava, amou, esperando um gesto que a salve e eis que nada. Como será que é morrer sem entender quem te ama ao redor só te olhando morrer, como se isso fizesse parte da vida? Quando é que essa parte acaba e a vida volta ao normal?