domingo, 28 de fevereiro de 2016
Hoje não é dois mil e seis
Desfile
na terra ou no asfalto,
no boletim de ocorrência
ou na concorrência entre espelhos.
Na vinda vermelha, no vestido vermelho.
No vermelho do beijo e da
bofetada!
Abre aspas:
Delineou com tantas cores, Anaïs Nin em
"Uma espiã na casa do amor".
Escurece o vestido.
Sapatos esquecidos.
Espaços são tecidos,
estampados,
tem um viés novo.
Salve a escrita como troca de vestido,
de mundo.
Desvia o rumo, o rosto.
Acorda.
A cor do coração devém roxo.
sábado, 27 de fevereiro de 2016
sábado, 20 de fevereiro de 2016
Encontro aberto #1 do Cortázar Clube
Encontro aberto #1 do Cortázar Clube, dia 15 de março, das 18:30h às 21:00h na Casa Elefante
Leitura surpresa!
Desvie o percurso do trabalho até a sua casa, suba as escadas da Casa Elefante com o pé e o pé e venha ouvir e/ou nos ajudar a ler um ou dois contos de Julio Cortázar. Após a leitura haverá uma conversa na qual poderemos analisar ou maldizer o texto, chorar com instruções ou até mesmo vomitar coelhinhos.
Logo mais haverá um convite no facebook.
Casa Elefante Rua Cesário Mota Junior, 277 - próximo à estação Santa Cecília do metrô (saída para o Largo da Santa Cecília, Rua Dona Veridiana, à esquerda na Rua Jaguaribe até a Cesário Mota Junior)
http://cortazarclube.blogspot.com.br/
texto escrito no curso "Escrever, desenhar e bordar o erótico" no Sesc Belenzinho em 19.02.2016 durante a atividade em que escrevemos tudo o que vem à mente após uma colega ler em nosso ouvido um trecho de um conto de Hilda Hilst
sábado, 6 de fevereiro de 2016
Hoje não é dois mil e seis (esboço 2 - 05.02.2016 - poema escrito para o 2° Foto sarau - 28.02.2016*)
Dois dias a cada dez anos,
ou são dois dias, dez anos?
Nossas bocas trincando.
Eu aos vinte, tu aos trinta.
Eu aos trinta, tu aos quarenta.
Os mesmos ou sombras
Daqueles dois de dois mil e seis.
Quando seus dentes, meus lábios, no inverno, pela primeira vez.
Vestígios frios e etéreos
Teu silêncio quase eterno me visita.
Te enterrei. Me enterrei.
Hoje não é dois mil e seis.
Dois mil e dezesseis
Acaso pensado, encontro marcado.
Olhos devoram, abraços deslocam, dois segundos.
Descascam o tempo útil os dentes.
De repente, uma década ausente.
Não era dois mil e seis nem dois mil e dezesseis.
Verão, tua volta e a minha melhor versão.
Tu? Vestido, quero não.
Nas pontas dos teus dedos, meus fantasmas.
Teus dentes desenham no meio seio
A delícia e a dor do desapego,
Que não aprenderei desta vez.
A durar, meu mundo sob teu olhar
E teu corpo a me nortear.
Nem o tempo matemático nem meus versos desnorteados podem contar.
Tu, despido aos meus trinta, ou enquanto eu viva, outra vez, não sei.
Tu, desaparecido pela segunda vez.
Sedenta e tensa de saudade, sinto, sento e não espero.
Te desejo, no meu corpo prego desespero.
Na sombra do teu silêncio,
Não sei se te escrevo ou se me penteio,
Se esmurro o teu tempo ou o meu espelho.
Se esvaece no meu seio a duração do nosso desejo.
Hoje é só dois mil e dezesseis a se desenrolar no tempo.
*Postarei a versão final após o dia 28.02.
Hoje não é dois mil e seis - para G. (esboço 1 - 04.02.2016 - poema escrito para o 2° Foto sarau - 28.02.2016*)
Nossas bocas trincando.
Quatro vezes em cada dez anos.
Nós, em uma década:
Eu, aos vinte, aos trinta
Tu, aos trinta, aos quarenta.
Não somos outros senão sombras
Daqueles dois de dois mil e seis.
Seus dentes, meus lábios, pela primeira vez.
Vestígios frios e etéreos
No teu silêncio quase eterno.
Te enterrei. Me enterrei.
Dois mil e dezesseis
O tempo útil dito década descascado pelos dentes.
Acaso pensado, encontro marcado.
Olhar, abraço, dois segundos e
De novo as mordidas.
Dois dias, outra vez.
O verão, tu e a minha melhor versão.
Meus fantasmas nas pontas dos teus dedos.
Dentes que desenham no meio seio a delícia e a dor do desapego,
Que não aprenderei desta vez.
Vestido, não quero te ver.
Nem teu olhar para o meu mundo
Nem o meu mundo em teu corpo
Meus precários versos sabem descrever.
Tu, vestido ou entregue
Aos meus trinta outra vez, não sei.
Pela segunda vez, senhor do sumiço e do sabor intenso.
Tensa de saudade, sinto, sento e não espero.
Prego desespero no meu corpo e no meu desejo
Na sombra do teu silêncio.
Não sei se te escrevo ou se me penteio
Se grito entre os seus cachos grisalhos cortados,
Se esmurro o teu tempo ou o meu espelho.
*Postarei a versão final após o dia 28.02.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Encontro aberto #0 do Cortázar Clube
A leitura prévia do texto escolhido não é obrigatória mas pode contribuir na sua participação.
http://www.facebook.com/events/201578503527410/
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
let go [poderia ser uma das phrasal verbs que ilustram a vida]
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
Das possibilidades de fuga
Memórias salgadas
e me levou até o fim
da linha da sua mentira?
Sussurrou-me peixes
até que as minhas lentes eram redes.
E eu, arrebentei
cada pedra de sal do seu olhar.
Afundei,
com as pedras nos bolsos, como Woolf.
Retornei,
como Lady Lazarus de Plath.
Livrei-me da rede, das pedras, dos peixes.
Mas não do peso, do alto preço,
das suas mãos empedradas
de fantasias e mentiras
que eu insisto em
apertar.
"Perdoa-me"
é a pedra
que você deveria atirar aqui
no mar.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2016
"you show up and the world is wild!"
save me some time, I can't tell any more what's yours and what's mine
2. The awful truth of loving (Rainer Maria)
it's a dilemma of boys and girls for centuries
do I really know you? do you really need me?
first it feels right then you write a novel worrying about the awful truth of loving
3. Ears ring (Rainer Maria)
You need contact daily
Your conscience is failing
You need contact daily
And you already love her
4. Catastrophe (Rainer Maria)
But I've got a plan.
I'm gonna find you
at the end of the world
5. Bottle (Rainer Maria)
It's like a bottle to the head.
I'm seeing stars, I'm seeing red.
I'd taste your mouth in anyone's kiss.
Where do you end and I begin?
6. Life of leisure (Rainer Maria)
The future's going out of focus.
Our talk is cheap, but the phone bill is not.
And how can one word mean another?
And why am I staying up alone in the dark?
7. Southpaw (Rainer Maria)
Cracked knuckles, and my fists are bandaged up for the fight.
Am I ready?There's the bell.
How many rounds can I go?
And how can I soften the blows?
Can I avoid them altogether?
But my heart isn't in this.
I'm supposed to be a seasoned fighter.
It feels like my first hit.(and it hurts like...)
I didn't see this coming anyway.(yeah, it hurts like hell)
But my heart isn't in this.
I'm supposed to be a seasoned fighter.
It feels like my first hit.(and it hurts like...)
I didn't see this coming anyway.(yeah, it hurts like hell)
So don't tell the crowd,
but I'm gonna let my guard down.
8. Make you mine (Rainer Maria)
Can you name all the bones in my body?
Can you make all the tones in my head?
[...]
Can you lay all my ghosts in their graves?
9. This is love (P.J. Harvey)
I can't believe life's so complex
When I just wanna' sit here and watch you undress
This is love that I'm feeling
10. Untitled and unsung (Belly)
11. ?
domingo, 20 de dezembro de 2015
belladonna
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
domingo, 8 de novembro de 2015
Um trecho
De repente, mais nada,
Nem conto de fada,
Nem relacionamento aberto.
Quero ninguém por perto.
Nem peito aberto,
Nem sonho de cavalgar no cavalo branco
Num belo dia.
Não tem mais olho que brilha.
Não tem amizade colorida.
Não espero um sorriso para ganhar o dia,
Nem alguém para me mostrar coisas bonitas da vida.
Deslizo da ilusão,
Lato alto para expulsar do ouvido
Os belos relatos testemunhados pelos amigos.
... [continuaria]
terça-feira, 3 de novembro de 2015
Acredito,
Dou crédito,
Assino embaixo,
Assassino meu passado,
A quem quer que dite
Que o dito amor não existe.
Bendito seja
O olho que provoca
A cortina ébria,
Brinca, quebra as peças.
De repente, restam
Regras, remendos,
Acordos e donos.
Não mais o brilho, o frio
Nem magia.
Coração e olhos, anatomia.
domingo, 13 de setembro de 2015
How soon is never?
Reconto as horas.
Recordo as ameaças.
Recorto as nossas feridas
Femininas (all the time) (tout le temps)
Fingimos de mortas, (bem)
vestidas, desinteressadas,
castas, simpáticas -
sim sim sim NÃO!
Se emancipadas,
é uma facada.
Forçadas, tocadas,
feridas, caladas,
Forjadas.
Frígidas,
Não gritam mais.
Não sei se fujo ou se penso em suicídio
quando vocês nos lembram
que a hora não passa
num pulso feminino.
domingo, 16 de agosto de 2015
os números da loteria
são melhores.
Ímpares, são difíceis.
Porque nos ímpares,
minha idade é par,
e para lidar com par
é preciso empurrar
com a barriga.
Nos anos pares
minha idade é ímpar.
Independente de um par
não há problema,
já que par é para mim
sempre um prejuízo.
Um por ano,
seja par ou seja ímpar,
qualquer que fosse a idade,
nunca houve
Paridade.
domingo, 9 de agosto de 2015
Do ridículo do machismo
A cena:
Manhã de um sábado na saída de uma estação de trem. Estou caminhando em um corredor vazio em direção à rua. Dois caras conversam encostados naquela catraca antiga da estação, um do lado de fora (no corredor pelo qual eu passo) e o outro, do lado de dentro. O que está dentro da estação GRITA quando eu passo:
Nossa, hein, princesa! É "nóis"! E aquele "what's" que você me passou naquele dia e eu perdi? Me passa de novo!
quinta-feira, 30 de julho de 2015
Mal feito e de mal gosto
Se soubesse
que subo pelas paredes
quando sinto esse abraço,
que sinto até enjôo de barco...
Ficaria bem bravo
pela senhora ousadia
da menina.
O senhor ficaria de
braços cruzados.
E eu, de mãos atadas,
à deriva.
sexta-feira, 12 de junho de 2015
Trash french valentine
Rumina o rompimento
Ruptura
Ansiedade obscura.
Canção de ninar:
"Dorme moça.
Amanhã não será mais pura.
Nem vai saber o que eu fazia
enquanto você dormia."
Engole o seu destino
E o membro superior
Falo. Já ouviu falar de amor?
Me faz, porque eu te faço.
Sexo a dois à dor.
De um lado dói?
Do outro, domina.
E não pára de ferir enquanto não termina.
Sexo a dois à dor.
De um lado a ferida,
Do outro, a folia.
Infinitamente nonstop.
Se é com dor, como chama?
Chamou a doença
E diluiu a dignidade alheia.
segunda-feira, 8 de junho de 2015
Em uma ordem qualquer, quem eu gostaria (muito) que viesse (logo) tocar em São Paulo
Sleater-Kinney
P.J. Harvey
Rainer Maria
Portishead
Veruca Salt
The Babes in Toyland
Superchunk
Veria de novo: The Breeders, Sonic Youth (e/ou Lee Ranaldo), Yo la tengo, Team Dresch.
(pensando em quem ainda está se apresentando; e sim, sei que posso ter esquecido de alguns nomes)
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Classificados #2
Doutoranda com boa digitação em tablet e bico de papagaio no lado direito da mandíbula procura fisioterapeuta maduro, apreciador de suco de abacaxi com capim-santo, fã de Glenn Branca, com boa pegada e mão santa, para relacionamento sério.
Classificados #1
Ex-funcionária do comércio procura homem com credencial do clube dos comerciários, que leia Simone de Beauvoir, tenha um gato chamado Julio Cortázar e um telefone celular com lanterna, para relacionamento sério durante o outono e o inverno. São exigidos passeios mensais na unidade Bertioga do clube.
Sem indiretas e sem recadinhos. É só uma brincadeira de quem está solteira há tanto tempo.
segunda-feira, 11 de maio de 2015
Palabras y palavras: Les favourites
Palavra preferida: patacoada
Favourite word: bittersweet
Palabra preferida: paraguas
Mot preferé: Cocotte-Minute
Dog bless mes blessures
Just crush my heart.
Those little white candies,
They will make me cry
And crawl
With cranberry eyes
And coloured socks
Giving up skies
And asking you why.
Let me rhyme in English.
It is so much easier.
So much better to be blessed
Than être blessée.
Really? Seriously?
I'd rather lick mes blessures
Than being stuck in the blessing.
"Candy, candy, I can't let you go... Life is crazy... Candy, baby!"
Demora a secar os cabelos,
Pensa no Caso Dora,
Seca os pensamentos
Intrínsecos a uma massa seca.
Tem devorado moços com os olhos
Ressecados do recesso,
E do receio.
Recomeça a pensar no seu caso
Até que fura a casca.
Veste o casaco,
Olha-se no espelho com desprezo
E sai em busca de ar.
A cada letra,
Mais descaso
E mais se afasta
Da vida.
segunda-feira, 4 de maio de 2015
sábado, 4 de abril de 2015
aguada
Dividir águas com outrem
É quase um ultraje
Diante do medo de ser afogada.
Nem só em seu corpo
Em água
Sente-se tão à vontade.
Ilhada no hipermercado
Toldo azul estufa de ar enquanto o chão estufa de água.
Calçada e rua são só água.
O toldo forma ondas na mesma direção para onde a água no chão corre.
Um funcionário de uma lanchonete fast food descansa em seu horário de almoço ou no final de seu expediente frustrado. Ele está ilhado em seu local de trabalho. Talvez ele descosture a sua sacolinha verde musgo para fazer um cobertor, e o seu boné preto com a palavra BOSS costurada em amarelo brilhante, em que um $ está no lugar de um S (BO$S), e junte aos seus tênis vermelhos para fazer um travesseiro para passar a noite ilhado em seu local de trabalho, impossibilitado de ir para casa, de passear de girafa ou de ônibus ostentando o cargo de boss de seu boné, cargo que está longe de alcançar em seu atual trabalho, o que notamos pela sua cara amassada com olhos apertados como se o seu boné os pressionasse.
O toldo agora só balança a sua aba, como criança sentada em banco de adulto que balança as suas pernas no ar, o toldo azul com letras brancas, como cadarços brancos em tênis azuis de criança. A água, cansada de correr, agora se espalha e segue dissonante do toldo.
Isso dura muito pouco e logo o céu começa a acender e a apagar as suas lâmpadas, rosnando, para que comecem a sinfonia outra vez.
Ironicamente o vendedor também nos chama a atenção: "Atenção, clientes." Eu, que tenho medo de chuva e escrevo sobre ela agora para abafar esse medo, imediatamente penso que será anunciado que a loja vai fechar porque há muitas pessoas se escondendo da chuva aqui, e que teremos que ir para fora, dançar com o toldo e as águas sob as piscadelas e o rosnar do céu, quando, ironicamente, eu digo, o vendedor revela ao que ele quer que prestemos atenção: "Oferta relâmpago!" Percebo que será vantajoso ao mercado permanecer aberto enquanto a chuva durar. Só falta chamarem o funcionário boss para voltar a trabalhar.
04.03.2015
27 de dezembro de 2014, uma semana sem Mima
Chora a falta,
Chora a falha,
Chora a forca,
O sufoco, o nó
Na garganta,
Nosso e da gata.
Anda, é hora
De ir embora.
Bola de amor vira bola de pêlo preto, irreconhecível, pelo asfalto que a acolhe no último abraço, em que ela olha para quem tanto amava, amou, esperando um gesto que a salve e eis que nada. Como será que é morrer sem entender quem te ama ao redor só te olhando morrer, como se isso fizesse parte da vida? Quando é que essa parte acaba e a vida volta ao normal?
domingo, 29 de março de 2015
nem mais um latido
sábado, 7 de fevereiro de 2015
domingo, 25 de janeiro de 2015
domingo, 4 de janeiro de 2015
Não quero, aqui, continuar o debate, só compartilhar a recordação de que ainda prefiro muito mais a P.J. Harvey. Amém. Lick my legs, I'm on fire. Lick my legs of desire, cantou P.J. em "Rid of me".
Rainer Maria está de volta
E aqui, uma campanha para trazer a banda ao Brasil: http://www.queremos.com.br/rainermaria?r=GoYF229
domingo, 21 de dezembro de 2014
Mima
sábado, 20 de dezembro de 2014
Dix minutes dans la Cocotte-Minute
patacoada
calada
como uma
pata acuada.
Patacoada.
Em polvorosa,
Rarefaço
o que eu
raramente faço,
como um
polvo rosa.
mês de desprezo
dispenso.
mês de despesa
de presentes
intercambiáveis
que vem e que voltam
pra loja de onde vieram.
embalagens, presentes e
os mais sinceros desejos
descartáveis
e dobráveis.
mês de desespero.
problema poético
com poema
é
explicar demais.
porque, que é, que era, que foi,
que, mas, mais, que,
sujeito, verbo, objeto
sujeitos a mais
uma linha,
um ponto;
uma vírgula,
outra linha
forte,
que não desfia,
mas que não
desafia
a escrita quadrada
em que enquadro
as imagens
que escorrem pelos meus braços.
Ao ler Ana Cristina Cesar
Prazer em te conhecer.
Me pergunto se os pais
da minha amiga com teu nome
Te leram.
Os meus, não.
Mas a minha caneta
se parece com a tua.
Contudo (não em tudo),
Era a tua
melhor entortada
nas linhas retas.
Enquanto eu,
entorno a tinta
procurando
no poema que escrevo
qual será
sua última
linha.